sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A arte memorialista de Luiz Raphael Domingues Rosa


A casa, em sua imponência, domina a esquina e a visão dos que passeiam e descansam nas aleias da Praça Félix Martins. A arquitetura, que se traduz em elementos neoclássicos e coloniais brasileiros, faz com que ela se destaque na rua que ainda guarda terrenos vazios esperando por outras edificações.
O artista escolhe o ângulo daquele que observa com respeitosa distância, em meio à natureza, à sombra de árvores centenárias, que emolduram o que a mão do homem construiu. A casa se ergue, rubra, em meio ao verde das árvores e dos morros que lhe servem de cenário. Uma rosa encarnada, de tijolos, em meio a uma cidade que parece ser um jardim.

Luiz Raphael Domingues Rosa, autor dessa tela, distribui os elementos em 3 movimentos como se fosse uma peça musical: à direita, o portão de entrada que limita o espaço público do privado, mas que não impede a apreciação do jardim e da construção. No meio da tela, a fachada principal em todo o seu esplendor e glória. O branco dá-lhe um caráter de templo grego, de entrada de foro romano, de palacete senhorial. Mas é à esquerda da tela, no restrito espaço entre duas árvores, que percebemos melhor a casa de família, com suas janelas abertas para que entre a luz e a brisa, para que as pessoas no seu interior ouçam os sons da cidade, para que nelas se debrucem apreciando a luxuriante vegetação da praça em frente,

Com essas divisões, Luiz Raphael dá ritmo e vida ao objeto da sua pintura. O casarão da esquina deixa de ser apenas a soma dos seus elementos arquitetônicos e a eles acrescenta a humanidade das pessoas que o habitam, ainda que não as vemos. E, com a licença concedida a todos os artistas, audaciosamente acrescenta, sobre a imagem pintada, um célebre trecho escrito por Rainer Maria Rilke (traduzido por Cecília Meireles) em sua primeira carta no livro “Cartas a um jovem poeta”:
“Utilize, para se exprimir, as coisas de seu ambiente, as imagens de seus sonhos e os objetos de suas lembranças. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente.”

Foi exatamente isso que Luiz Raphael Domingues Rosa fez com seu talento e arte: utilizou-se da paisagem do lugar onde vivia, das construções, ruas, praças, bosques, da sua imaginação e da memória para exprimir seu profundo amor por Leopoldina.

Quadro: “Residência José Peres” / 1984  Acervo: Rubens Maia

Curiosidade: Carlos Luz, político leopoldinense com brevíssima passagem pela Presidência da República, foi um dos moradores desse imóvel que, graças à manutenção constante realizada por seus proprietários, mantém-se fiel ao seu desenho original.

A exposição “LEOPOLDINA E LUIZ RAPHAEL: UM CASO DE AMOR”, permanece aberta até 20 de dezembro, de segunda a sexta-feira das 8:00 às 11:30h e das 13:00 às 17:00h. Aos sábados, das 8:00 às 11:30h.

Patrocínio: ENERGISA

Apoio Cultural: Prefeitura Municipal de Leopoldina, Secretaria de Educação de Leopoldina, Secretaria de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Leopoldina.

Apoio Institucional: FOJB-Fundação Ormeo Junqueira Botelho


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